segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Sobre o Livro - O Seu Verdadeiro Signo - e seu autor - Carlos Lyra

PALPITE

Isto não é um prefácio, não é introdução e muito menos apresentação ou prólogo. 

É um palpite (profecia) :

Este livro vai dar o que falar, o que gemer, espernear e gritar por aí. E certamente vai dar também um pouco mais de dinheiro aos psicanalistas de todas as crenças: verão aumentado o número de seus clientes sem sombras ou luzes de dúvidas. Sim porque afinal todos temos um signo a zelar. E o que o compositor, perdão, o astrólogo Carlos Lyra faz neste livro é arrasar com nossos inalienáveis direitos astrológicos... A Astrologia Sideral - que ele pesquisou com astrólogos americanos e traz agora para o Brasil - diz, por exemplo, que todo mundo está um signo aquém de seu signo real. 
Pelo que vejo, o homem que a partir do final dos anos 50 ajudou a revolucionar a Música Popular Brasileira quer revolucionar agora a Astrologia Popular Brasileira - o que, aliás, é bem característico de seu novo signo: Áries (o antigo, isto é, seu signo segundo os militantes da tradicional astrologia era Touro)

Quando Carlos Lyra me convidou para escrever a "letra" desta obra sua - que, em vez de notas e acordes, tem astros e números e signos e sacações incríveis - hesitei um pouco. Falar o quê? Que posso dizer? E afinal creio que não creio nesse negócio de astrologia embora nunca deixe de, disfarçadamente, passar uma vista d'olhos em meu horóscopo sempre que pinta em minha frente (isto é, toda manhã). Mas eis que o astrólogo CL ousou declarar recentemente que eu não sou Leão - eu que tenho sido um bravo e resignado Leão a vida inteira. Ainda bem que ele me consolou: "Não se preocupe; quase todos estão equivocados. Quase todos estão um signo aquém..."

A convicção com que Carlos Lyra disse essas e outras coisas, assim de repente, me chamou a atenção. Pela primeira vez - depois de cinco anos de amizade e parceria musical - me deu vontade de bater papo sobre o assunto que ele domina com dignidade e leva tão a sério quanto a música, há muito tempo.

Carlos Lyra estudou Astrologia Sideral nos Estados Unidos com Jim Eshelman que foi aluno de Garth Allen, um dos pioneiros na pesquisa e divulgação da nova escola. Sua disposição em trazer e divulgar a Astrologia Sideral no Brasil não foi um improviso. Trata-se de uma ideia mastigada, amadurecida desde que, há alguns anos, ele começou a levar a coisa a sério ( ainda morava nos States). Carlos Lyra encara o esforço que desenvolve atualmente - com este livro e através de entrevistas e cursos que vem realizando - como uma atitude de pretensões inclusive culturais.

Sabe que não vai ser fácil se fazer ouvir ou seguir nesses brasis amados, como não tem sido fácil aos seus colegas Siderais nos Estados Unidos. Lá, Carlos Lyra assistiu à luta de seus companheiros. Sabe do boicote que qualquer menção à Astrologia Sideral sofreu no início das revistas especializadas, nas editoras e mesmo na grande imprensa. Afinal, quantos interesses em jogo! Como ficariam os tradicionalistas que, com seus horóscopos (grande indústria) faturam desde o homem da esquina aos grandes astros do cinema, autoridades e magnatas? " Sei de astrólogos tradicionais que já não aceitam sua astrologia mas, por uma questão de atitude, de coerência diante de seu eleitorado, não ousam assumir a Astrologia Sideral ", conta Carlos Lyra.

Bom, como já disse, fiquei meio zonzo ao ler este livro. Esperneei até dizer chega ante a perspectiva de renunciar à minha condição leonina. Mas não deu. A Astrologia Sideral - do jeito que é colocada neste livro (com lógica, números, tudo claro) - pode não ter me transformado num crente em matéria de astrologia mas uma coisa é certa: de manhã, em vez de encarar o Leão, já estou lendo o quadrinho anterior: Câncer. sou Câncer, quem diria!

Jésus Rocha


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INTRODUÇÃO

Há quem considere a Astrologia como a Mitologia do homem moderno. Preferimos considerá-la como a ciência do homem antigo, que partindo da fórmula "astronomia + psicologia" estabeleceu a "astro-psicologia", uma ciência que combina os estudos das duas outras, suas componentes. O que faz pois Astrologia, segundo nosso entender, é computar, astronomicamente, as posições dos astros, referentes ao dia e hora de nascimento de uma pessoa e, partindo do princípio de que as radiações astrais influem no caráter e personalidade (além de outros efeitos sobre o planeta terrestre), fazer um estudo psicológico do nativo, baseado em estatísticas relativas às posições de determinados astros. Confiamos na relação entre Macrocosmos e Microcosmos e é nela afinal que nos apoiamos para determinar tendências humanas, a partir de posições e relações astrais. Achamos também absolutamente importante, para a Astrologia, o concurso das demais ciências, assim como outros fatores que poderão ser sensíveis modificadores dos resultados astrológicos por nós encontrados, entre eles a condição social e o meio ambiente de nativo. Queremos definir aqui uma posição, ao afirmar nossa opinião de que o destino do homem, até certo ponto, depende dele e que nem a astrologia nem nenhuma outra ciência poderá antecipar seu futuro, como pretendem certas doutrinas, de maneira fatalista e irrevogável. Isso não impede supor e fazer previsões aproximadas a partir do conhecimento das tendências; mas qualquer pretensão além desses limites seria, a nosso ver, desertar da realidade e até mesmo do campo da especulação, para cair no delírio. "Astra inclinant non necessitant" (os astros indicam mas não obrigam). Tendo reincidido em erros milenares que vêm se perpetuando, através dos séculos, até os dias de hoje, a Astrologia Tropical, ou seja, aquela mais conhecida da população, dos interessados e dos curiosos, não só contraria princípios astronômicos e científicos como, partindo arbitrariamente, de conceitos equivocados, oferece aos crédulos (entre clientes e leitores) um cem número de informações, pretendendo desvendar-lhes não só o caráter, mas também o destino e até mesmo a aparência física. Tudo através dos signos zodiacais e de maneira assustadoramente fatalista, que infelizmente, na maioria das vezes, o interessado deixa de comparar objetivamente com a realidade. Sabemos hoje que, devido à Precessão dos Equinócios (Vide Cap. 1) e ao deslocamento do eixo da terra, há uma mudança no Zodíaco dos signos, em vista do que 80% dos habitantes do planeta que se creem pertencentes a um determinado signo, pertencem na verdade a outro imediatamente anterior. (Vide Cap. 2) Ignorando os fatos astronômicos, a Astrologia Tropical continua a definir, por exemplo, um nativo de Touro como "... confiante, ativo e corajoso, com atração pelos obstáculos e orgulhoso de sua força ..."  O que está definindo, na realidade, é o nativo de Áries! (Um signo anterior a Touro). Da mesma forma, quando define um nativo de Libra, regido (como os de Touro) pelo planeta Vênus (da paz e do amor) como " ... amante da estratégia de guerra e inclinado para os postos de comando militar... ", o que está fazendo é enunciar algumas características do signo de Virgem (anterior a Libra). E ainda se coloca em situação embaraçosa ao tentar explicar essas contradições, quando seria mais fácil observar as verdadeiras posições solares e constatar que qualidades tais como  "predileção militar" etc., são típicas de Mercúrio, planeta regente de Virgem. E assim por diante. Aparte essas inadequações, existe ainda, como agravante, um vício em descrever características de signos com base na simbologia das constelações estelares, o que resulta em absurdos como "a força de Touro", ou "a justiça de Libra" etc. Sucede que os nomes e símbolos das constelações (ou signos zodiacais) provêm de eventos naturais ocorridos em 1.000 AC., no Egito, não tendo nada a ver com nenhuma outra época, país ou situação.
Os povos antigos se orientavam mais pelo movimento noturno dos astros e quando, em outubro, no hemisfério norte, a Lua estava cheia na 2ª constelação, os egípcios esperavam que as águas do Nilo baixassem, para então atrelar os bois e arar o solo, antes coberto pelas águas e, devido a isso, enriquecido. Simbolizaram então essa constelação com o ideograma "Ka", que significa "boi" ou "falo", por ser aquela época também a de cruzamento do gado. Ou, meses mais tarde, em março, quando a Lua percorria a 7ª constelação, a colheita era pesada e armazenada. Daí haverem os egípcios escolhido o ideograma da "balança" (Libra), para dar nome a essa constelação. E assim, de maneira semelhante, a todas as outras. Em virtude de tantos prognósticos falhos, há cerca de quinhentos anos que a Astrologia Tropical está desacreditada como ciência. E é ainda buscando formas compensatórias (igualmente ineficientes) tais como "divisões de casas", "signo ascendente" (desde Kepler considerados como superstições) etc., que só faz se distanciar, mais e mais, da Astronomia e de ganhar, portanto, a maioridade como ciência. Quanto a isso, a astrologia pode se consolar com a psicanálise, que apesar dos inequívocos serviços prestados a humanidade, tampouco foi promovida, até a presente data, à categoria de ciência. Pelo menos de ciência exata.

Carlos Lyra - Rio de Janeiro, 13 de setembro de 1977.

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